A hipnose ainda é cercada por dúvidas, mitos e até preconceitos.
Muitas pessoas, quando ouvem a palavra, imediatamente pensam em shows de palco, pessoas fazendo “galinhagem” diante de uma plateia risonha, ou em algum tipo de manipulação mental misteriosa.
Mas, afinal, hipnose é ciência ou misticismo?
Essa é uma dúvida comum, e muito importante de ser esclarecida, especialmente para quem busca alternativas sérias e seguras para cuidar da saúde emocional.
A resposta direta e clara é: hipnose é ciência.
Mais especificamente, quando falamos de hipnose clínica (ou hipnoterapia), estamos nos referindo a uma prática respaldada por estudos neurocientíficos, utilizada por profissionais da saúde e reconhecida por instituições sérias ao redor do mundo.
Todavia, por que tanta confusão ainda persiste?
Vamos entender de onde vem essa visão distorcida da hipnose e o que a ciência realmente diz sobre ela.
A origem do misticismo em torno da hipnose
Durante séculos, práticas de transe e estados alterados de consciência foram associados a rituais religiosos ou espirituais.
Povos antigos já utilizavam técnicas semelhantes para cura, conexão com o sagrado ou expressão artística.
Com o tempo, a hipnose moderna começou a ganhar forma, principalmente a partir dos estudos do médico austríaco Franz Mesmer, no século XVIII — que, embora tenha sido um dos precursores, misturava ciência com magnetismo animal e crenças espirituais.
Mais tarde, já no século XIX, médicos como James Braid começaram a investigar a hipnose sob uma ótica mais científica.
A técnica foi ganhando espaço na medicina e na psicologia, sendo usada até como anestesia em cirurgias.
Entretanto, ao mesmo tempo em que a ciência avançava, surgiam espetáculos de hipnose em circos, teatros e programas de televisão.
Nessas apresentações, a hipnose era usada como entretenimento — e não como ferramenta terapêutica.
Isso contribuiu para a associação equivocada com manipulação, charlatanismo e misticismo.
O que a ciência diz: hipnose é ciência, sim.
Em suma, hoje sabemos que a hipnose clínica é um estado natural de atenção concentrada, foco intenso e aumento da receptividade a sugestões.
Afinal, não se trata de um estado de sono nem de perda de consciência, mas sim de uma experiência guiada em que a pessoa mantém controle sobre si mesma — ainda que em um estado mais relaxado e introspectivo.
E o que respalda essa afirmação?
Diversas pesquisas realizadas com o uso de tecnologias como a ressonância magnética funcional (fMRI) mostram que o cérebro realmente apresenta alterações específicas durante o estado hipnótico.
Áreas ligadas à atenção, imaginação, percepção da dor e processamento emocional se comportam de maneira diferente quando a pessoa está sob hipnose.
Reconhecimento institucional
Diversas entidades médicas e psicológicas reconhecem oficialmente a hipnose como uma técnica terapêutica eficaz. Entre elas:
- Associação Médica Americana (AMA)
- Associação Psicológica Americana (APA)
- British Medical Association
- Associação Brasileira de Hipnose (ASBH)
- Conselhos Regionais e Federais de Psicologia e Medicina no Brasil
Essas instituições defendem o uso da hipnoterapia como complemento em tratamentos de dor crônica, transtornos de ansiedade, fobias, distúrbios do sono, depressão, traumas, entre outros.
Hipnose não é mágica. É técnica
A saber, um dos equívocos mais comuns é imaginar que a hipnose funciona como uma espécie de “controle remoto da mente”, no qual o terapeuta tem poder absoluto sobre o paciente.
Porém, isso é completamente falso.
A hipnose clínica é, na verdade, uma técnica de indução guiada, na qual o terapeuta facilita o acesso do paciente ao seu subconsciente.
A partir daí, podem ser trabalhadas questões profundas, como crenças limitantes, padrões de comportamento e traumas emocionais.
O paciente nunca perde o controle. Ele pode sair do transe quando quiser, se não quiser aceitar uma sugestão, não aceitará. A hipnose só acontece com consentimento e colaboração.
Aplicações com respaldo científico
Em resumo, a hipnose é usada hoje em dia para tratar:
- Ansiedade e estresse crônico
- Transtorno de pânico
- Fobias (como medo de voar, de altura, de falar em público)
- Insônia e distúrbios do sono
- Dor crônica (enxaqueca, fibromialgia, dores lombares)
- Transtornos alimentares e compulsão
- Tabagismo e dependências
- Traumas emocionais e estresse pós-traumático
- Autossabotagem e baixa autoestima
Essas aplicações são objeto de estudos clínicos e publicações em revistas científicas de renome, o que confirma: hipnose é ciência, e não achismo ou misticismo.
Por que ainda existe resistência?
Apesar de todos os avanços e reconhecimentos, muita gente ainda torce o nariz para a hipnose. Isso acontece, principalmente, por três motivos:
- Desinformação
Muitas pessoas nunca buscaram saber o que realmente é a hipnose.
- Experiências sensacionalistas na mídia
Programas de TV e vídeos na internet que ridicularizam a hipnose reforçam a visão cômica ou mágica.
- Associações religiosas ou culturais negativas
Em alguns contextos, a hipnose é vista como “coisa do demônio” ou “energia espiritual”, o que gera medo ou preconceito.
Portanto, o papel de profissionais sérios e comprometidos é fundamental: educar, esclarecer e mostrar resultados reais.
Enfim, se você chegou até aqui com dúvidas sobre o que é a hipnose, esperamos que este artigo tenha ajudado a esclarecer.
E da próxima vez que alguém perguntar “hipnose é ciência ou misticismo?”, você já sabe exatamente o que responder.