Não é preciso ser casado para saber o óbvio: a vida a dois nem sempre é um mar calmo. Ondas fortes, ressacas, maremotos e tsunamis fazem parte do pacote. E assim os ciclos de altos e baixos se seguem. Um cenário em que é preciso, o tempo todo, fazer uso daquela balança que aponta se os bons momentos pesam mais do que os conflitos.
Nessa avaliação, o acompanhamento da dupla por um psicólogo, a clássica terapia de casal, é uma opção muito indicada em nome do entendimento. O que pouca gente sabe, porém, é que a hipnoterapia também é uma aliada dos pares que dividem o mesmo teto. Trata-se de uma área de atendimento que mal engatinha no Brasil e que tem tudo para ganhar força nos próximos anos.
É muito gratificante ver os casais chegando sem jeito, normalmente muito curiosos a respeito da hipnoterapia, para o primeiro encontro do tratamento, a avaliação. E saindo dessa fase inicial melhor do que estavam antes, mais leves por terem começado a falar dos seus dilemas. E, principalmente, por conhecerem um pouco do que o acesso à mente subconsciente pode proporcionar a alguém. Isso porque já fazemos uma demonstração de como é ser hipnotizado nessa ocasião. Os rostos que se despedem ao final da sessão costumam ser bem diferentes daqueles que a gente vê quando abre a porta do consultório.
Um ponto importante: é preciso ter coragem e muita vontade de seguir juntos para fazer uma terapia de qualquer tipo a dois. Infelizmente, tal atitude ainda é para poucos. A maioria das pessoas tem receio de falar abertamente sobre as suas questões mais íntimas, sobre o que o incomoda no outro, sobre o que deve ser melhorado. Não se dão conta de como tudo isso ajuda a aprimorar o relacionamento e a lidar com as crises. É um trabalho por vezes duro, falemos a verdade, mas sempre recompensador. Ninguém sai do mesmo jeito que entrou de uma terapia de casal, como expliquei acima. E o caminho, em 99% dos casos, é de evolução. Até porque, quem não quer evoluir, não encara um tratamento dessa ordem. Muito pelo contrário.
Terapia de casal sem tabu
Entre os famosos adeptos da terapia de casal, com psicólogo, estão os cantores Beyoncé e Jay-Z e os atores Michael Douglas e Catherine Zeta-Jones. Os brasileiros Paolla Oliveira e Joaquim Lopes fizeram antes de se separar. Há notícias de que até o príncipe William e a mulher, Kate Middleton, já aderiram também.
Aliás, quanto mais pessoas conhecidas passarem por essa experiência, mais abertura haverá para a prática. E mais relações saudáveis serão vistas por aí. Abaixo o tabu, afinal de contas. Até porque a ausência de brigas não é sinônimo de felicidade. Você já parou para pensar que muita gente prefere jogar as diferenças para debaixo do tapete em vez de sentar e encarar uma conversa aberta e muitas vezes dura com o parceiro? Pois pare e pense…
As questões de cada um
Sabemos que a hipnoterapia é um processo pessoal e intransferível. Não é possível acessar dois subconscientes e instalar neles a mesma programação, do mesmo modo. Cada pessoa é um mundo e traz consigo as suas dores e crenças limitantes. Assim, o que nós fazemos com os casais é identificar, dentro das questões do par, o que cada um deve tratar. Isso, claro, se os dois estiverem de pleno acordo. Se cada um aceitar que deve trabalhar essa ou aquela questão. Não se trata de impor uma mudança (até porque nada funciona a fórceps, não adiantaria nada), mas de um acordo amigável entre as partes, digamos assim.
Por exemplo: se os dois brigam porque um é muito ciumento e o outro é explosivo, alinhamos se não é o caso de focar na insegurança do primeiro e no descontrole do segundo. Trato feito, seguimos para os processos individuais. E agendamos a sessão de terapia, em separado, para cada cônjuge. Para que cada um tenha a oportunidade de olhar para as causas da sua própria dor. A mesma que prejudica o casamento.
Nessa etapa, ganham espaço trabalhos individuais fortes. Além da própria vontade de mudar, existe a expectativa de acabar com o que está ruim também em nome do outro. Há alguém mais que se importa com a sua mudança, com a sua transformação. Sem dúvida, funciona como um impulso extra. Um dá força para o outro, os dois querem que as coisas melhorem. Normalmente, melhoram.

Juntos outra vez
Concluídos os processos individuais, é hora de reunir os dois para uma sessão final conjunta da terapia de casal. Nesse momento, temos a chance de conversar mais uma vez sobre os problemas que atrapalhavam a relação no começo da terapia, para alinhar os principais pontos abordados. O fechamento, claro, inclui uma hipnose em dupla, com bastante intensidade, que envolva ambos como nunca. Se você já participou de alguma sessão de imersão coletiva com foco motivacional, sabe do que eu estou falando. Taí uma ferramenta muito poderosa.
O objetivo, com as mulheres e maridos que atendo, é fazer o meu melhor para que todos voltem para a casa sorrindo e cientes de que é preciso ter paciência e respeito para manter um casamento. E assim continuem pelo tempo que acharem que devem prosseguir. Como disse um dia, muito sabiamente, o compositor, cantor e poeta Vinícius de Moraes em seu Soneto de Fidelidade, o importante é que “seja infinito enquanto dure”. E não é mesmo?
No que depender do meu empenho como hipnoterapeuta, todos os esforços serão feitos para ajudar os casais que baterem à minha porta. E que estiverem abertos para encontrar, na hipnose clínica, a base para o tratamento das suas dores mais profundas. Das feridas que, curadas, farão toda a diferença no que se refere à harmonia e ao entendimento. Do individual para o coletivo, o destino final é o crescimento. De cada um primeiro e, depois, dos dois juntos.
Que não nos falte amor na vida, a começar pelo amor próprio. E muito menos vontade de mudar. Hipnoterapia liberta!
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