Transtorno obsessivo compulsivo ou TOC é uma desordem psiquiátrica proveniente da ansiedade. Caracteriza-se por crises repentinas e recorrentes de pensamentos obsessivos, intrusivos e comportamentos involuntários e repetitivos.
Os pensamentos são parcelas muito importantes de nossas vidas, são eles que formam nossos sentimentos e ações. O problema surge a partir do momento em que estes pensamentos se transformam em obsessão, bloqueando nossas ações e modificando nosso comportamento. A pessoa com TOC, não consegue barrar ou controlar os pensamentos tóxicos.
Para os que possuem transtorno obsessivo compulsivo, a única maneira eficaz no controle destes pensamentos e alivio da ansiedade é por meio de normas e rituais impostos pela mente. Estes, por muitas vezes acabam ocupando grande parcela do tempo, proporcionando impactos negativos na vida pessoal, social e profissional do paciente.
Os rituais são chamados de compulsão, comportamentos irracionais, involuntários e repetitivos, compostos por padrões, etapas e regras normalmente estabelecidas pela própria pessoa. É como um disco riscado que repete inúmeras vezes o mesmo trecho da música.
O paciente do TOC acredita que se por algum motivo desconsiderar os pensamentos obsessivos e os rituais impostos, algo trágico possa acontecer.
Vamos entender um pouco melhor como funcionam o TOC e os pensamentos obsessivos:
- As manifestações do TOC
- Os pensamentos obsessivos
- Tipos de pensamentos obsessivos
- As compulsões
- Tipos de compulsões
- Diagnóstico do TOC
- Causas do TOC
- Tratamento do TOC
AS MANIFESTAÇÕES DO TOC
O transtorno obsessivo compulsivo caracteriza-se pela presença de obsessões e/ou compulsões também chamadas de rituais compulsivos ou simplesmente rituais. Costumam também estar presentes manifestações emocionais como medo, ansiedade, culpa, depressão, comportamentos evitativos ou evitações, indecisão, lentidão motora e pensamentos de conteúdo negativo ou catastrófico, apreensão e hipervigilância.
Preocupações exageradas com contaminações, limpeza, dúvidas infinitas, necessidade de verificar repetidamente portas, janelas, aparelhos eletrônicos na tomada, fogão ligado, turbilhão de pensamentos indesejáveis, acúmulo de objetos inúteis, preocupação com ordem, alinhamento ou simetria, são algumas das manifestações do TOC.
O TOC pode ser classificado em dois tipos:
Transtorno obsessivo-compulsivo subclínico – as obsessões e rituais se repetem com frequência, mas não atrapalham a vida da pessoa;
Transtorno obsessivo-compulsivo propriamente dito: as obsessões persistem até o exercício da compulsão que alivia a ansiedade.
OS PENSAMENTOS OBSESSIVOS
Os pensamentos obsessivos são ideias recorrentes e intrusivas (invadem a consciência sem que a pessoa queira), na maioria das vezes resumidas em preocupações, desconforto, angústia e medo.
É como se você estivesse aprisionado n’um looping de pensamentos que te rodeiam. A imersão nestes pensamentos é tão intensa que acaba se tornando viciante: quanto mais tentar parar de pensar, mais pensamentos obsessivos surgirão.
TIPOS DE PENSAMENTOS OBSESSIVOS
Os pacientes de TOC ou simplesmente as pessoas que estão passando por uma fase acentuada de muito estresse e ansiedade, podem vivenciar diversos tipos de pensamentos obsessivos. Abaixo listaremos alguns deles:
- Dúvidas e verificações – estes tipos de pensamentos iniciam-se em situações rotineiras, como por exemplo: sair ou chegar em casa. Neste caso, instalam-se pensamentos relacionados ao medo de não trancar o portão, deixar o fogão ligado ou esquecer alguma janela aberta;
- Cenas, palavras, frases, números, citações, músicas que o paciente não consiga esquecer, afastar ou suprimir;
- Limpeza – o paciente sente que precisa limpar objetos e ambientes repetidamente, pois nunca estará limpo o suficiente;
- Medo de contaminações – nestes casos o paciente tem medo de usar banheiros, tocar em objetos como maçanetas, descargas, torneiras, moedas, notas e transportes público para evitar possíveis contaminações;
- Organização – neste cenário, existe a necessidade de manter todas as coisas organizadas e alinhadas, cumprindo determinadas regras, seja por cor, tamanho, modelo, obsessão pela simetria e a ordem, tudo deve estar no lugar “certo”;
- Também são comuns pensamentos, impulsos ou imagens indesejáveis e perturbadoras de conteúdo violento ou agressivo (ferir outras pessoas), sexual (molestar uma criança) ou blasfemo (ofender a Deus); pensamentos supersticiosos relacionados a números, cores, datas ou horários;
Os pensamentos obsessivos também podem estar associados a outros tipos de transtornos mentais, como: depressões, transtornos alimentares ou transtornos de impulsos.
O QUE SÃO AS COMPULSÕES?
As compulsões são comportamentos repetitivos ou ações mentais que a pessoa se sente no dever de cumprir a fim de afastar ameaças, reduzir riscos, evitar desastres, danos ou até mesmo aliviar angústias e desconfortos.
TIPO DE COMPULSÕES
Podemos dizer que as compulsões são atos voluntários, diferente dos pensamentos obsessivos. São atos repetitivos e excessivos, que possuem um motivo ou finalidade e na maioria das vezes a pessoa não consegue resistir.
O indivíduo sente uma pressão interior que pode ser originada a partir de pensamentos catastróficos, por exemplo:
Dever de verificar inúmeras vezes o botijão de gás com medo de que o ambiente incendeie ou então abrir e fechar determinada gaveta para amenizar uma “agonia”. Mandar um beijo para um avião que está no céu para que ele não caia, alinhar objetos na posição “certa” etc.
O alívio que as compulsões provocam quando realizadas, pode ser um importante fator para perdurar os rituais e consequentemente o TOC.
As compulsões resumem-se em:
Rituais ou Culturais – cerimônias religiosas, ritos de passagem, funerais, geralmente com um claro sentido simbólico, com a finalidade de solicitar a proteção da divindade invocada ou de afastar perigos ou desgraças, ou ainda para garantir sorte (por exemplo, os rituais realizados na passagem do ano ou na cerimônia do casamento).
Mentais – designa atos mentais voluntários executados em resposta a obsessões. Exemplos: contar, rezar, repetir palavras, frases em silêncio, repassar argumentos mentalmente, substituir imagens ou pensamentos ruins por imagens ou pensamentos bons. Tais atos são realizados com a mesma finalidade que as demais compulsões: reduzir ou eliminar o risco e a ansiedade associada às obsessões. Como ocorrem em silêncio nem sempre são percebidos pelas demais pessoas. Exemplo: anular a imagem intrusiva da mãe morta no caixão com a lembrança de um momento de felicidade da família.
Transtornos neurológicos ou transtornos mentais – como comer compulsivo, comprar compulsivo, adição a drogas ou álcool, jogo patológico, transtornos globais do desenvolvimento.
DIAGNÓSTICO DO TOC
O médico psiquiatra é o especialista responsável pelo diagnóstico e tratamento do TOC. Para que seja estabelecido o diagnóstico do TOC é necessário que as obsessões ou compulsões consumam um tempo razoável (por exemplo, tomem mais de uma hora por dia) ou causem desconforto clinicamente significativo, ou comprometam a vida social, ocupacional, acadêmica ou outras áreas importantes do funcionamento do indivíduo.
Os sintomas obsessivo-compulsivos não podem ser atribuídos ao efeito fisiológico direto de uma substancia (p.ex. droga de abuso ou a uma medicação) ou a outra condição médica como doenças psiquiátricas, que também podem ter entre seus sintomas – obsessões e ou compulsões (por exemplo: dependência a drogas, comer compulsivo, jogo patológico). As obsessões e compulsões também não podem ser consequência de doenças neurológicas.
Serão solicitados exames físicos (feitos no próprio consultório) a fim de eliminar outras causas semelhantes aos sintomas apresentados, testes laboratoriais e uma avaliação psicológica.
CAUSAS DO TOC
As causas do TOC não estão bem esclarecidas. Certamente, trata-se de um problema multifatorial. Estudos sugerem a existência de alterações na comunicação entre determinadas zonas cerebrais que utilizam a serotonina. Fatores psicológicos e histórico familiar também estão entre as possíveis causas desse distúrbio de ansiedade.
TRATAMENTO DO TOC
Os tratamentos para o TOC podem ser tanto medicamentosos quando não medicamentosos. Quanto o tratamento escolhido é o medicamentoso, são utilizados diferentes antidepressivos que inibem a serotonina, estes medicamentos são os únicos eficazes.
Já os tratamentos não medicamentosos, consistem em terapias cognitivo-comportamentais, uma abordagem mais específica, breve e focada no cenário do paciente, onde ele é exposto a situações que proporcionam ansiedade. Se os dois tipos de terapia forem abordadas paralelamente os resultados serão mais eficazes.
O importante é que em caso de suspeita deste transtorno, o paciente procure ajuda o quanto antes, tanto de profissionais competentes quanto de sua família, isso garantirá um melhor funcionamento de todo o tratamento escolhido.
Muito bom seus artigos parabens pelos conteudo